Capoeira, coco, ciranda e samba no currículo escolar

Os alunos da Escola Municipal Des. Amorim Lima, no Butantã, zona oeste de São Paulo, jogam capoeira e dançam coco, ciranda e samba de roda. Essas atividades fazem parte do currículo e seus professores são mestres e aprendizes griôs, que ensinam a cultura oral que ali se soma à educação formal dos livros. “Aderimos à Rede Ação Griô Nacional há três anos, quando nosso projeto Ceaca (Centro de Estudos e Aplicação da Capoeira) foi aprovado pelo Ministério da Cultura”, informa Mestre Alcides, o mineiro Alcides de Lima, ex-funcionário do Instituto Oceanográfico da USP que após se aposentar, mergulhou no estudo da tradição. Começou com parceria com o Departamento de História da USP para levar a capoeira à Favela San Remo, vizinha da Cidade Universitária. Rodrigo Pança e Fábio Soneca, griôs aprendizes do Ceaca, eram meninos na favela quando Mestre Alcides iniciou o projeto, em 1997. Agora, trabalham com ele na escola. “Eu jogava capoeira desde 1969 e sempre apostei em sua capacidade pedagógica”, diz o mestre.

A capoeira só é obrigatória no currículo do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, mas quem quiser entra no jogo. “Todos os nossos 830 alunos podem participar, pois temos horários depois das aulas”, informa a diretora da escola, Ana Elisa Siqueira. Não só para os alunos, também para outras crianças e até adultos do bairro. Os mestres griôs levam à escola tradições e histórias do povo brasileiro. Mestre Henry Durante, articulador regional dos pontos da Ação Griô, coordena o trabalho, respeitando as características locais. “É um grande desafio que a Ação Griô está sabendo vencer”, diz a professora Fátima Freire, assessora nacional do projeto. Filha do educador Paulo Freire, ela observa que a pedagogia tem tudo a ver com o método lançado por seu pai. “Fico comovida ao comprovar aqui que é possível conciliar teoria e prática, um dos grandes desafios da educação.”

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Oficina de Coco com Mestres Griôs: Eliana, Alcides e Durval.

Objetivos das Oficinas

 Os objetivos específicos das oficinas são a transmissão dos elementos que constituem a capoeira e o coco preservando sua pratica e principalmente sua oralidade, possibilitar a musicalidade, teatralidade, o maculelê, o coco, o samba de roda, o samba duro, a puxada de rede, o coco e a capoeira. Desenvolver no educando, através da prática e vivência da capoeira e do coco as suas estruturas corporais, expressão verbal, corporal, equilíbrio psicomotor, lateralidade, imagem/esquema corporal, aquisição de metalinguagens, impulsionando à criatividade e a interdisciplinaridade. Possibilitar o contato direto entre as crianças e os mestres e griôs da tradição oral através do reconhecimento e valorização destes como portadores de conhecimentos tradicionais e significativos. Favorecer o reconhecimento por parte dos educandos da importância social, histórica e filosófica das manifestações populares capoeira e coco. Favorecer o reconhecimento por parte dos educandos do seu papel histórico na manutenção destas manifestações populares.

Roda de Capoeira na EMEF Desembargador Amorim Lima aberta a comunidade

 A comunidade está localizada na Zona Oeste da cidade de São Paulo, no distrito do Butantã com população estimada pelo censo de 2000 de 49,963 habitantes. http://pt.wikipedia.org/wiki/Butant%C3%A3. No entorno estão os bairros Vila Indiana, Favela São Remo, Morro do Querosene e Vila Gomes que se caracterizam como bolsões de pobreza, regiões isoladas de baixo desenvolvimento social e econômico, rodeado por áreas de alto desenvolvimento como; Morumbi , Parque dos Príncipes, Parque da Previdência entre outros, o que acarreta grande desigualdade social.

O projeto está direcionado às crianças de 6 a 10 anos e adolescentes de 11 a 15 anos (crianças de 1ª a 8ª séries) da escola EMEF Amorim Lima moradoras da região referida, envolvendo também o público adulto, mas na sua maioria o público que participa das atividades são crianças e adolescentes com dificuldade de permanência no sistema escolar formal, que seguem um padrão familiar marginalizado, em situação de risco social, habitando áreas com precária oferta de serviços públicos e de acesso cultural, onde a criminalidade e contravenção são atrativos interessantes como fonte de renda para muitas famílias.

As oficinas oferecidas pelo CEACA não se limitam apenas ao âmbito escolar, disponibilizamos outros espaços para que elas aconteçam, a exemplo da Creche Girassol na favela São Remo. Dessa forma, o CEACA ampliou o acesso e a fruição da cultura popular nos espaços onde atua; todas as atividades são voltadas para a comunidade escolar e região do entorno, que são os bairros Vila Indiana, favela do São Remo, Morro do Querosene, Vila Gomes e São Domingos, lugares esses localizados na Zona Oeste da cidade de São Paulo. No princípio a iniciativa foi elaborada para dar continuidade às atividades que já vinham acontecendo desde 2000 na EMEF Amorim Lima.

Fontes:

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